Ao contrário dos outros estudos de caso, Portugal não é nem um destino preferencial de populações refugiadas e migrantes, nem um alvo de ataques terroristas. O seu estatuto periférico em termos de processos de securitização associados a migrações no contexto da UE durante a última década não significa que seja alheio a estes processos. A ligação do país a arenas centrais a estes processos de securitização (i.e. UE e NATO), a posição dos media portugueses, em diálogo constante com atores políticos e mediáticos europeus e frequentemente reprodutores dos discursos mediáticos e políticos europeus, e o facto de se tratar de uma das economias europeias mais gravemente atingidas pela crise financeira contribuíram para a presença de guiões de securitização de migrações e asilo nos debates mediáticos e políticos a nível nacional.
Este estudo de caso central visa examinar as formas através das quais os debates e políticas nacionais abordam e traduzem os casos pivotais referidos anteriormente, assim como a chamada “crise de refugiados de 2015/6”, e como reciclam discursos securitizadores sobre migrantes, refugiados e “outros internos” ao mesmo tempo que os reinventam à luz da agenda política e mediática nacional. Transversalmente serão analisados os tropos de género e racializados das narrativas mediáticas hegemónicas e contrahegemónicas sobre refugiados, migrantes e “outros internos.”